02/07/2020 – O Futuro do Trabalho é AGORA (02/07/2020)
Por Vera Boscatte
A pandemia do Covid-19 veio trazer, de forma brusca, uma mudança radical na vida laboral, social e emocional dos seres humanos.
A tecnologia ganhou força e conscientização sobre a importância e necessidade dela, para que barreiras sejam vencidas.
O local e a forma de trabalho, em defesa da vida, ganharam força e adaptações. O home office tornou-se necessário, sem qualquer chance de não aceitação.
A pessoa com deficiência – PcD, como também os idosos, passaram a trabalhar em casa, sendo essa a maneira de inclusão laboral extremamente adequada para eles. O teletrabalho, ao se pensar também na acessibilidade tão carente de perfeição, precisa ser visto com um agente facilitador e necessário.
Temos profissionais acima de 60 anos, habilidosos, eficazes e com muita garra e experiência para o trabalho, sendo parte de uma equipe com resultados bastante positivos dentro de uma empresa.
Da mesma forma, a pessoa com deficiência, após treinamento eficiente, tem uma produção muito satisfatória, sendo que existe a possibilidade de cursos à distância, com uma bagagem de grande aprendizado.
A lógica irá demonstrar que, após a pandemia, as empresas terão uma visão clara de que a responsabilidade social deverá ser abrangente e necessária e que a inclusão laboral dos focos acima descritos, PcD e idoso, se fará necessária, com total possibilidade de o teletrabalho.
A tecnologia assistiva, já tão desenvolvida, terá uma amplidão maior, procurando atender as necessidades da pessoa com deficiência e, também, da pessoa com mobilidade reduzida.
Os profissionais deverão continuar em teletrabalho, para preservar a saúde e pelo fato de que o meio ambiente e a qualidade de vida são fundamentais.
Não se deve fazer uma análise dos resultados das práticas laborais na pandemia, neste momento, pois não houve tempo suficiente para uma implantação adequada das novas maneiras de se exercer uma nova forma de trabalho.
Algumas empresas já tinham consciência e utilização do teletrabalho. Mas, mesmo assim, tiveram como resultado líderes e empregados com os sentimentos aflorados pelo medo, angústia, estrutura familiar abalada, pois o enfrentamento dos sentimentos pessoais acoplados em um mesmo ambiente, está trazendo dificuldade até para uma boa mediação de conflito.
A pandemia nos mostrou que reuniões profissionais e pessoais podem ser realizadas à distância, de forma objetiva, e que existem ferramentas bem adequadas para o alcance de resultados.
Analisemos, também, que as esclarecedoras palestras presenciais tornaram –se “lives” muito construtivas. Um resultado muito interessante foi o elevado número de consultores que se apresentaram em todas as áreas e, mesmo que alguns tenham deixado a vaidade sobrepor a inteligência, vários deles conseguiram trazer informações e treinamentos valiosos, dando seguimento a esses produtos, até a presente data.
Pesquisas citaram que jovens, em grande maioria, não aprovaram o teletrabalho na pandemia. Mas, é preciso considerar que o jovem de hoje é introspectivo e criativo. Assim, tendo encontrado um ambiente familiar completo, o tempo todo, perdeu um pouco da sua individualidade, fato bem diferenciado do sonho de trabalhar em casa ou em um coworking, usando a sua criatividade que requer muita concentração.
O trabalho, após a pandemia, vai exigir dos profissionais, principalmente da área de recursos humanos, a humanização da cultura organizacional, para entender e valorizar o trabalhador, entendendo que ele retorna com uma visão diferenciada, pois suas relações pessoais foram testadas, suas angústias foram demonstradas e a visão de que a vida tem uma linha muito tênue, poderá exigir uma compreensão maior entre as partes.
Os profissionais que foram levados a trabalhar em casa, principalmente as mulheres, apesar de o acúmulo de funções trazido pela falta de mão-de-obra de serviçais, viram que é possível ter vida própria e trabalhar profissionalmente, com resultados extremamente eficazes.
Concluímos, então, que o futuro do trabalho chegou inesperadamente ao presente e que a resiliência, um fator característico do ser humano, tão adaptável a situações diversas, será fundamental.
Adm. Vera Boscatte
Coordenadora do Grupo de Excelência do Trabalho na Sociedade em Transformação – GETST do CRA-SP
Vice-Presidente da International Work Transformation Academy – ITA
Diretora de Responsabilidade Social da Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividades – SOBRATT
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